Enquanto você estampa felicidades em placas, outdoors, anúncios carregados por aviões, traseiras de caminhões, anúncios na televisão, capas de jornais e me persegue sem querer perseguir, eu já nem digo que sofro. Porque embora algumas coisas sempre acabem (e nós não somos uma dessas coisas), outras acabam para sempre. "Acabar". Ponta de agulha em pele sensível. Pneu de caminhão em corpo distraído. Bala achada em corpo perdido. Eu. Vítima. Culpada. Atingida. Caída. Esquecida. E você já nem sabe de mim, já não volta em passado, já não ama, só se engana. Só me engana. Mas eu não vivo mais. E se sobrevivo é porque ainda espero. Até quando? Nós não sabemos. Enquanto isso me distraio com bobagens. Bobagens suas disfarçadas em meus gostos. Peço um amor que não chega. Peço, mesmo sabendo que a pena não o comove. E que a minha solidão não o atinge. Sei que é impossível, improvável, e que não está escrito em lugar algum, mas vivo escrevendo da gente. Para tentar fazer acontecer. Para tentar largar esse amor de uma vez. Mas é lento. Mesmo de olhos fechados você chega sem intenções, sem motivos, de mãos dadas com qualquer uma. Qualquer uma que, exatamente por não ser eu, acaba me ferindo todas as vezes. A-c-a-b-o-u, e isso me convida para a tristeza. A-c-a-b-o-u, e isso é quase inaceitável.
Por Gabi Macedo!